Flávia Tebaldi

O trabalho aqui proposto, intitulado Processo Rizoma, surge da busca por estabelecer, como disse Nicolas Bourriaud, “utopias de proximidade”. Ilhas de relação que se interconectam a partir de estratégias comuns de produção de sociabilidade, de presença. Concebido a partir da pesquisa realizada entre a campanha presidencial de 2018 e em 2019 em grupos fechados pró-Bolsonaro no Facebook, uma proposta inicial de reproduzir a estética e narrativa próprias das imagens desses grupos subvertendo o sentido da mensagem foi tomando outro formato à medida que a violência em torno do conteúdo veiculado se amplificava. Com a pandemia de COVID-19 e o isolamento social, qualquer possibilidade de proximidade, ainda que utópica, parecia inviável. Foi nesse contexto que reconfiguramos a ideia de coletivo na proximidade da (i)materialidade digital e definimos, então, que a subversão não viria de dentro dos grupos e dos seus códigos, mas por meio de uma outra forma de ocupar a internet. Assim, como a internet é a plataforma para redes de controle discursivo e disseminação de ódio, para nós seria uma plataforma para criação de outros modelos de redes sociais.  
Composto por três movimentos, cada um, ao seu modo, busca esvaziar o discurso político do medo por meio de proposições, realizadas ao longo de dois anos, como um exercício de observação e escuta do tempo presente.